Certo dia em uma roda aqui em Brasília, o contra mestre Índio do grupo Mata Verde, também conhecido como Dudu, disse algo pertinente. Algo que nunca havia pensado. Não me recordo fielmente das palavras utilizadas por ele, mas guardei no coração a mensagem transmitida, que é mais ou menos assim:
Atualmente buscamos diversão em shows, bares, parques, cinemas, shoppings. Nem sequer observamos que a capoeira nos oferece alegria, diversão e não cobra ingresso é de graça. Deste dia em diante passei a refletir a respeito disso. Isto é fato. Na capoeira encontramos pessoas queridas, dividimos histórias, fazemos a nossa história, cantamos, encantamos, nos deixamos encantar, extravasamos e transcendemos. Cada um tem o seu infinito particular e seu próprio desenvolvimento dentro da capoeira. Há aqueles que vão para a roda de capoeira para validar os conhecimentos adquiridos nos treinamentos, outros para só soltar as pernadas mesmo, também tem aqueles que vão para cantar aquela música nova que aprendeu, ou simplesmente assistir, bater palmas, cultivar as velhas amizades e fazer novas.
Capoeira é diversão, e diversão é divergência[1]. Logo, capoeira é divergência? Na realidade a capoeira é oriunda da discordância entre povos e condutas impositivas. E até hoje a capoeira vive de divergências, há a tradição, Mestre Bimba e Mestre Pastinha que são as referências mais conhecidas da raiz da nossa capoeira. Contudo, as informações que giram em torno da capoeira não são absolutas. A origem da capoeira, por exemplo, há quem afirma que a capoeira veio da África, outros pregam teorias persuasivas de que a capoeira nasceu na cidade, em meio à malandragem urbana. Ora, tudo é relativo, tudo depende de fundamentação, do ponto de vista do intérprete. A única certeza, que na capoeira quem vai de coração aberto, encontra divertimento, independente da interpretação de seu significado. Cabe aos capoeiristas aceitar as divergências e fazer delas uma diversão. Divirta-se!
[1] Bueno, Silveira: minidicionário da língua portuguesa. – Ed. ver. e atual. – São Paulo: FTD.2000. Conceito de Diversão: Divergência; distração; divertimento
Que bom saber que vc guardou aquelas palavras..
ResponderExcluireu sou suspeito pra falar!XD
ta muito legal o blog.
bjus mutis! ;)
Massa Mutante! Capoeira é muita coisa, mas é uma só. E nunca é a mesma. Quem é não deixa de ser. Quem deixa nunca foi. Gostei do pensamento. E concordo. Vivemos a shoppinização da sociedade. Individualismo demais. Capoeira agrega! Nessas voltas do mundo, tô reencontrando meu lugar. Abraço.
ResponderExcluirMiojo.