terça-feira, 11 de março de 2014

QUEM DISSE QUE EU NÃO SERIA CAPOEIRA? Gênero e Tradição.


A Mulher sempre deve papel importante no contexto capoeirístico, mas sempre atuou de forma periférica. Na organização, nas finanças, sempre prisioneiras das tradições como coadjuvantes, de forma invisível pela história contada. Houve várias mulheres de expressão no contexto histórico da capoeira, envolvidas em enfrentamento policial, uso de navalhas, e outras práticas que na época teciam características de Capoeiragem. Em 1876 um jornal   retratou o caso mais antigo de prisão de uma MULHER CAPOEIRA, seu nome era Jerônima, escrava de Caetano Antônio de Lemos. Outra mulher que marcou este cenário, por sua determinação e bravura foi Maria Felipa mais conhecida como Maria Doze Homens, apelido reflexo de uma de suas atuações onde venceu  12 homens com suas destrezas de luta.

Dois exemplos de Mulheres que se revelaram como caso excepcional para uma sociedade retrógrada em que as atividades femininas estavam voltadas, principalmente, para o trabalho doméstico. Hoje a situação se modificou e com ela a sociedade e os valores. Atualmente a mulher vem mudando sua postura dentro da Capoeira, saindo das margens para dentro da roda, conquistando seu espaço cantando, jogando, tocando instrumentos enfrentando o machismo que querendo ou não ainda vige na modernidade em que vivemos. Há grupos liderados por mulheres, temos várias Mestras, mulheres capoeiristas mostrando-se capaz de representar nossa arte brasileira da mesma forma que os homens, mesmo sendo minoria. Estima-se que de 9 milhões de praticantes de capoeira no mundo, apenas 35% são mulheres. O número ainda é pequeno, mas já é um avanço significante. Muitos fatores ainda merecem ser modificados, pois a luta ainda não acabou, há escolas que segregam em seu planejamento pedagógico ensino de capoeira tão somente para meninos, para meninas apenas balé. Observa-se o latente preconceito inaceitável, regado falta de conhecimento dos benefícios que a capoeira pode oferecer para TODOS OS GÊNEROS.  A capoeira por si só não distingue gênero, status social, limitação física, idade e nem cor de pele, na roda de Capoeira somos todos iguais. Quem faz isso é a própria sociedade. É a sociedade que determina comportamentos ideais, definindo o papel que “deve” ser exercido por cada um. Definições como podemos ver desde os tempos antigos, excludentes e absurdas.


O intuito de agora é reescrever a história, reafirmar os fatos reais. E continuar a batalha pela busca de espaços, reinventando as tradições e atuar permanentemente saindo das tradições machistas. Reconstruir nossa trajetória no meio social e para que isso aconteça, nós mulheres precisamos a cada dia lapidar nossos conhecimentos e práticas, se esforçando cada vez mais, saindo da zona de conforto de palma e coro, calejando as mãos e dedos na instrumentação, os olhos nas leituras, ouvidos atentos aos ensinamentos dos mestres, sem querer ser melhor,  apenas representar com qualidade aquilo que NÓS SOMOS, CAPOEIRA!

QUEM DISSE QUE EU NÃO SERIA CAPOEIRA?
Vamos nessa? Reforça o batom e FORÇA NA BAQUETA!



Imagem extraída do sítio da internet: http://www.jogodemandinga.com/a-mulher-na-capoeira/