sábado, 20 de agosto de 2011

Jongo - Quem nunca viu, venha ver...

Hei, você?   É você mesmo! Sei que ao olhar achou o texto grande e logo veio aquela preguicinha de ler... não é?  NÃO se deixe derrotar pela preguiça. ÂNIMO! Venha conhecer mais sobre você, sobre a SUA história, sobre a SUA cultura. Sinta-se a vontade para comentar, expor sua opnião, desabafar,  este espaço é  para falar da nossa cultura, é NOSSO!

      
        Esta semana tive a oportunidade de participar do IV Encontro de Educadores Populares, que objetiva a inclusão dos educadores populares nas escolas. A capoeira se enquadra neste esforço. Inclusive no referido encontro fomos agraciados com palestras do Mestre Tabosa e do Mestre Skysito, ambos de Brasília.

       Fui sorteada com um material organizado pela Fundação Cultural Palmares e Fundação José Paiva Neto, que aborda sensacionalmente a relação da cultura oral com a cultura afro-brasileira. Excelente trabalho, um kit educacional com o intuito de fortalecer o que nos trás a Lei 10.639 de 2003, a qual determina a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afrobrasileira nas escolas públicas e privadas do Brasil. Você sabia que existe esta lei? vale a pena dar uma olhadinha!

       Começo hoje aqui no blog uma série "Quem nunca viu, venha ver..." sobre assuntos pertinentes deste material, dividindo com vocês um pouco desta brasilidade. Espero sinceramente que apreciem. Vamos lá?




JONGO






         Jongo nasceu no Vale do Paraíba, abrange o leste do estado de São Paulo e oeste do estado do Rio de Janeiro. No século XIX, era o auge da produção de Café no Brasil, a mão de obra advinda da África. Desde o século XVI o comércio de escravos era uma prática comum entre os europeus e os africanos. Neste período de 1830 a 1840 quase um milhão de escravos chegaram ao Porto do Rio de Janeiro, até o fim do século XIX somava cinco milhões de escravos. A maioria dos negros eram povos Bantus, excelentes agricultores. Era atraente escravizar escravos africanos por serem mais baratos, e ainda, por dominarem técnicas desconhecidas pelos indígenas como a ferraria e a mineração.
        Quando chegavam ao Brasil os escravos passavam por um processo de perda de identidade e separação de tudo o que lhes eram sagrados. Neste cenário de desenvolvimento do século XIX que nasceu o jongo no Vale do Paraíba. O conhecimento a respeito do Jongo era apenas dos Mestres Jongueiros, que pela cultura oral repassava aos iniciados. 
         O jogo já existe há mais de 450 anos. Para ser mestre no jongo é necessário saber dançar, cantar, bater o tambor, ser mais velho, experiente, ter conhecimento e que a comunidade o reconheça como tal. Inclusive mulheres pode ser mestre.
         A dança se inicia com o bater dos tambores, a roda se forma, o mestre canta a música e os componentes da roda respondem ao canto. No canto puxado pelo mestre, há os pontos, onde ele transmite uma mensagem, conta uma novidade, lança um desafio, manda recado, faz uma louvação, anima a roda de jongo, etc. Para encerrar a cantoria, pode se dizer: “machado”, “ cachoeira” ou o mestre vai até os tambores e bate, finalizando assim a roda.
        Vindo da áfrica com o povo Bantu a tradição do jongo se transformou e criou identidade própria aqui no Brasil. No tempo da escravidão simbolizava a resistência cultural dos africanos, hoje é uma manifestação de alegria. No jongo os tambores são sempre reverenciados pelos jongueiros, eles fazem  ligação com o mundo espiritual, sem os tambores o jongo nem acontece. O conjunto de tambores é chamado de “engoma”. Dentro da engoma tem o caxambu que é o tambor grave, tambu que é o tambor médio e o menor chamado de  candongueiro.  Antigamente os tambores eram feitos de tronco de arvores, depois passou a ser feito de barricas de cachaça, hoje é utilizado mais a tombadora, pois as barricas e os trocos de arvores precisam ser aquecidos para atingir á afinação desejada, e nem sempre é possível fazer isto. Os jongueiros antigos colocavam nome de pessoas nos tambores.
          No tempo da escravidão tinha sempre um fogo aceso na senzala coletiva, uma referência aos antepassados. A dança também tem papel fundamental no jongo e tem suas características próprias. Um casal entra de cada vez na roda. O jongo deu a origem a vários tipos de dança como, por exemplo, ao samba.

Logo logo, compartilharei mais curiosidades com você.
Até a próxima atualização!

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Texto , com adaptações, do kit educacional Mestres e Criôs do Brasil, desenvolvido pela  Fundação Cultural Palmares e Fundação José Paiva Neto.

8 comentários:

  1. Legal, não sabia da existência desta dança!!! Muito Interessante. Vou acompanhar...

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  2. Amiga,

    O texto é longo mas comecei a ler e rapidinho acabou... Adoooreeei!! Não me arrependi de ter ficado nessa sauna mais uns minutinhos pois eu nunca tinha nem ouvido falar desse tal Jongo, agora eu sei o que é! \o/ kkkkkkkkkkk
    Ficarei aguardando o proximo post.

    Beijoooos
    =*

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  3. Amiga, fico feliz por ter gostado.
    Agradeço o incentivo.

    É maravilhosa a sensação de ser capaz de transmitir um pedacinho da nossa cultura.
    Que é a nossa identidade, nosso bem maior.


    Beijos

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  4. Camarada Mutante, seu Blog é ÓTEMO!!!Contém assuntos muito interessantes e ricos ,tanto da história da capoeira quanto ao atual momento que a Capoeira Vive hj.Me identifiquei com vários assuntos.É de grande ajuda para os Capoeiristas manter-se Informados sob a condição da Capoeira do DF hj e participar com mais interesse referente as decisões da frente Parlamentar em Defesa da Capoeira. Muito Bom Mutante com certeza divulgarei e mais uma vez Parabéns pela iniciativa e que mais capoeiristas divulgue nossa Arte.
    " Berimbau me chama e eu vou atender, entro na roda sem Medo Com malícias e segredo pronta pra me defender..."
    CM IÚNA- Candeias
    Axé Camarada
    Estagiária Alda Cecília Grupo Beribazu

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  5. Show de bola. Nas aulas do Clube do Choro, tive o prazer de aprender a tocar o JONGO. Só uma informação para agregar ainda mais nessa grande informação. Cada tambor toca o seu rítmo. O mais grave é o que comando e q fico mantendo o ritmo. Agora não lembro direito, não sei se é o médio ou o agudo q lembra um pouco o machulele, mas só q é tocado3/4 e não 4/4 como a capoeira.
    Parabéns Mutante. Show demais!!!!

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  6. Maneiro Pixote,
    tive oportunidade de fazer uma aula rápida de Jongo o ano passado no RJ, mas foi ensinado mais a forma de dançar e tals. Esta parte de instrumentação e histórica não teve.

    Curioso isto que você falou, eu realmente não sabia que cada tambor tocava de uma forma. Obrigada pela contribuição, foi de grande valia.

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  7. My boo, muito bom o texto, maravilhoso, depois eu quero ver esse kit
    é sempre bom aprender masi um poquinho da nossa cultura ^^
    parabens ^^

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  8. ué cade meu comentário, nem lembro mais o que eu disse, mande mais cultura na nossa extensa raça brasileira

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