quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Novembro cheio de Negritude

            
                  

                      O mês de novembro acolhe datas memoráveis e especiais. Dia Nacional da Consciência Negra que é celebrado no Brasil no dia 20 de novembro devido a morte de um ícone na luta pela libertação dos negros que foi Zumbi dos Palmares. E ainda, no mesmo mês comemora-se o aniversário de Mestre Bimba que completaria hoje 111 anos de idade.
                    A obra de literatura de cordel do Vitor Alvim Itahim Garcia conhecido na capoeiragem como Lobisomem,  versa justamente a respeito de Zumbi e de Mestre Bimba, conheça um pouco da história destes guerreiros:

                                    

Um negro muito guerreiro
Lutou pela liberdade
Do povo afro brasileiro
Este sim, posso dizer
É um herói verdadeiro

Mestre Bimba é outro herói
Da história brasileira
Um negro também guerreiro
Que lutou a vida inteira
Buscando a dignidade
Da arte da capoeira ..."


E identificando também diversas semelhanças entre as personalidades e as histórias de vida dos dois:

" Zumbi e Bimba viveram
Duas épocas distantes
Mas tiveram em comum
Muitos pontos semelhantes
Vou tentar citar aqui
Alguns dos mais importantes

Os dois eram brasileiros
Eram negros, nordestinos
Descendentes de africanos
E ainda quando meninos
Escolheram seus caminhos
E traçaram seus destinos

Também eram lutadores
Corajosos e valentes
Nasceram pra liderar
Eram muito inteligentes
Lutavam pra seus irmãos
Viverem vidas decentes

Dedicaram sua vida
Defendendo um ideal
O Quilombo de Palmares
E a Capoeira Regional
E hoje são conhecidos
A nível internacional”


         Só um trechinho para vocês poderem saborear a delícia do cordel, que torna a leitura uma brincadeira. Texto extraído do blog do próprio autor, quem desejar ler na íntegra é só acessar:
http://quintal-do-lobisomem.blogspot.com/2011/11/zumbi-dos-palmares-e-mestre-bimba-em.html


Homenagem do Grupo Bom Gosto aos 300 anos de Zumbi

"Se Zumbi
Guerreiro-guardião
Da Senzala Brasil
Pedisse a coroação
E por direito o certo do quilombo
Que deixou por aqui
Nossa bandeira era
Ordem, progresso E PERDÃO... "     

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Tradição Oral - Quem nunca viu venha ver...

Quem nunca viu VENHA VER - Ultima parte.


Salve, Salve encerro hoje a série " Quem nunca viu venha ver" com um tema curioso e sugestivo que induz a reflexão a respeito da fala. Vocês me acompanham? Vamos lá!

Tradição Oral 


¹



              A tradição oral era desconhecida até mesmo pelos europeus que se julgavam os mais sábios do mundo, se surpreenderam ao aportar na África no século XV. Na África há uma maneira ancestral de receber e transmitir o conhecimento através tradição oral, ou seja, da palavra falada. A tradição oral é a mola propulsora da cultura africana. Na África tudo se fala o que se pensa sobre o mundo, sobre a terra, sobre o ar, sobre a água, sobre práticas medicinais está na memória popular. Os mais variados conhecimentos eram transmitidos de gerações para gerações de forma oral. A cultura africana é prioritariamente oral, mesmo tendo seu alfabeto.

            A tradição oral, não se confunde com histórias orais. Tradição é uma matriz cultural de povos que desenvolveram suas capacidades sensitivas via ouvido, daí enquadra-se a idéia do ouvido, da musicalidade e da fala. A audição e a fala possuem fortes significados para cultura africana, uma vez que estes instrumentos são utilizados para perceberem o mundo. Quem fala errado estraga sua língua” é um provérbio africano que demonstra a importância da fala para esta civilização. A palavra pra eles tem força, tem energia, há um elo com um todo, com a natureza, possuem todo um cuidado ao que se fala, pois a palavra ao mesmo tempo em que tem o poder de criar tem o poder de destruir. A palavra vem impregnada com uma força vital. Em 53 países são faladas 2.000 línguas. É o maior continente, possuindo a maior diversidade cultural.

            Tradicionalistas são pessoas que exercem o ofício de trabalhar com a palavra. São pessoas temidas, pois apenas com a palavra ele pode travar guerras ou a paz, pode mudar a história. Os anciãos e os saberes ancestrais têm muito respeito, prestigio e consideração da sociedade. Geralmente os tradicionalistas contam as histórias em forma de música o que facilita na associação das informações ajudando na memória. O mestre de tradição oral é uma pessoa que exercitou sua memória de forma incomum, desde jovem ao ser iniciado na tradição por outro mestre ou por seus ancestrais adquire conhecimentos transmitidos por aqueles e absorve também na sua vivência diária visitando diversas aldeias. Há importância também no ritmo em que as palavras são ditas, a harmonia das palavras externadas para os Africanos são capazes de mover energias.
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¹ Imagem: extraída do sítio da internet: http://www.kaanbagci.com/index.php?/project/digital-works/
² Texto , com adaptações, do kit educacional Mestres e Criôs do Brasil, desenvolvido pela  Fundação Cultural Palmares e Fundação José Paiva Neto.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Maculelê - Quem nunca viu, venha ver...


Quem nunca viu venha ver - Parte II
Continuando a saborear um pouquinho da nossa rica cultura...

MACULELÊ

         

            As manifestações criadas pelos escravos serviam tanto para sustentar as lembranças de suas origens quanto para enganar a sociedade de senhores que achavam positivo aqueles momentos de diversão. Além disso as danças serviam para extravasar e o maculelê é um bom exemplo disso. A palavra maculelê vem do Reino do Congo, “makélelé” que significa  Barulho/Algazarra/Tulmuto.
             O maculelê teria nascido nos canaviais baianos no século XVIII, na região de santo amaro da purificação. Há mais de 200 anos a cidade assiste esta dança de ritmo super vibrante e colorida que contagia todo mundo. Que curiosamente não era praticada em nenhuma outra cidade da Bahia.
           Com a morte de grandes mestres do Maculelê de Santo Amaro da Purificação a tradição começou a desaparecer e por muitos anos deixou de ser festejada. Mas em 1943 Paulino Aloizio de Almeida o maior mestre do Maculelê no Brasil, conhecido como Popó do maculelê reuniu sua família e amigos para ensinar e passar adiante seus conhecimentos. Graças a tradição oral os conhecimentos a respeito do maculelê chegaram até os dias atuais, passando de mestres a aprendizes.
           A dança do maculelê aparece para contar histórias ajudando a criar alta voltagem de energia que envolve os dançarinos.
           O maculelê foi inventado pelos escravos africanos que trabalhavam duro nos canaviais do Nordeste brasileiro. Era a época em que os Portugueses lucravam com as terras férteis da colônia e com o comércio da mão de obra escrava. Essa dança agitada feitas com pedaços de pau eram a forma que os negros encontraram para demonstrar o sentimento de opressão e manter sua identidade e cultura trazidas da áfrica. A dança é uma sintonia do atabaque e os bastões de madeira, desenvolvida em círculo.

Segue abaixo um vídeo com mais informações a respeito desta dança, sobre a inclusão de facões nas apresentações e sobre Mestre Popó. Vale a pena conferir:



♫ "Sou eeeeeeu, Sou eeeeeeeeeeu, sou eu maculelê sou eeeeeeu.."
♪ "Dou boa noite pra quem é boa noite, dou bom dia pra quem é de bom dia... A bênção meu papai, a bênção, Maculelê é o Rei da Valentia..."
" Certo dia na cabana  de um guerreiro,  foi atacado por uma tribo pra valer...
Pegou dois paus, saiu de salto mortal. E gritou pula menino, que eu sou maculelê..."

"Senhor seu moço pediu a proteção, saiu pro mato pra caçar com seu fação. Seu moço corre protege os seus irmãos, daquele malfeitor que com arma na mão..." [Esta eu aprendi com meu professor de capoeira]






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Texto , com adaptações, do kit educacional Mestres e Criôs do Brasil, desenvolvido pela  Fundação Cultural Palmares e Fundação José Paiva Neto.

Imagem: extraída do sítio da internet http://www.bentoguaruja.com/

sábado, 20 de agosto de 2011

Jongo - Quem nunca viu, venha ver...

Hei, você?   É você mesmo! Sei que ao olhar achou o texto grande e logo veio aquela preguicinha de ler... não é?  NÃO se deixe derrotar pela preguiça. ÂNIMO! Venha conhecer mais sobre você, sobre a SUA história, sobre a SUA cultura. Sinta-se a vontade para comentar, expor sua opnião, desabafar,  este espaço é  para falar da nossa cultura, é NOSSO!

      
        Esta semana tive a oportunidade de participar do IV Encontro de Educadores Populares, que objetiva a inclusão dos educadores populares nas escolas. A capoeira se enquadra neste esforço. Inclusive no referido encontro fomos agraciados com palestras do Mestre Tabosa e do Mestre Skysito, ambos de Brasília.

       Fui sorteada com um material organizado pela Fundação Cultural Palmares e Fundação José Paiva Neto, que aborda sensacionalmente a relação da cultura oral com a cultura afro-brasileira. Excelente trabalho, um kit educacional com o intuito de fortalecer o que nos trás a Lei 10.639 de 2003, a qual determina a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afrobrasileira nas escolas públicas e privadas do Brasil. Você sabia que existe esta lei? vale a pena dar uma olhadinha!

       Começo hoje aqui no blog uma série "Quem nunca viu, venha ver..." sobre assuntos pertinentes deste material, dividindo com vocês um pouco desta brasilidade. Espero sinceramente que apreciem. Vamos lá?




JONGO






         Jongo nasceu no Vale do Paraíba, abrange o leste do estado de São Paulo e oeste do estado do Rio de Janeiro. No século XIX, era o auge da produção de Café no Brasil, a mão de obra advinda da África. Desde o século XVI o comércio de escravos era uma prática comum entre os europeus e os africanos. Neste período de 1830 a 1840 quase um milhão de escravos chegaram ao Porto do Rio de Janeiro, até o fim do século XIX somava cinco milhões de escravos. A maioria dos negros eram povos Bantus, excelentes agricultores. Era atraente escravizar escravos africanos por serem mais baratos, e ainda, por dominarem técnicas desconhecidas pelos indígenas como a ferraria e a mineração.
        Quando chegavam ao Brasil os escravos passavam por um processo de perda de identidade e separação de tudo o que lhes eram sagrados. Neste cenário de desenvolvimento do século XIX que nasceu o jongo no Vale do Paraíba. O conhecimento a respeito do Jongo era apenas dos Mestres Jongueiros, que pela cultura oral repassava aos iniciados. 
         O jogo já existe há mais de 450 anos. Para ser mestre no jongo é necessário saber dançar, cantar, bater o tambor, ser mais velho, experiente, ter conhecimento e que a comunidade o reconheça como tal. Inclusive mulheres pode ser mestre.
         A dança se inicia com o bater dos tambores, a roda se forma, o mestre canta a música e os componentes da roda respondem ao canto. No canto puxado pelo mestre, há os pontos, onde ele transmite uma mensagem, conta uma novidade, lança um desafio, manda recado, faz uma louvação, anima a roda de jongo, etc. Para encerrar a cantoria, pode se dizer: “machado”, “ cachoeira” ou o mestre vai até os tambores e bate, finalizando assim a roda.
        Vindo da áfrica com o povo Bantu a tradição do jongo se transformou e criou identidade própria aqui no Brasil. No tempo da escravidão simbolizava a resistência cultural dos africanos, hoje é uma manifestação de alegria. No jongo os tambores são sempre reverenciados pelos jongueiros, eles fazem  ligação com o mundo espiritual, sem os tambores o jongo nem acontece. O conjunto de tambores é chamado de “engoma”. Dentro da engoma tem o caxambu que é o tambor grave, tambu que é o tambor médio e o menor chamado de  candongueiro.  Antigamente os tambores eram feitos de tronco de arvores, depois passou a ser feito de barricas de cachaça, hoje é utilizado mais a tombadora, pois as barricas e os trocos de arvores precisam ser aquecidos para atingir á afinação desejada, e nem sempre é possível fazer isto. Os jongueiros antigos colocavam nome de pessoas nos tambores.
          No tempo da escravidão tinha sempre um fogo aceso na senzala coletiva, uma referência aos antepassados. A dança também tem papel fundamental no jongo e tem suas características próprias. Um casal entra de cada vez na roda. O jongo deu a origem a vários tipos de dança como, por exemplo, ao samba.

Logo logo, compartilharei mais curiosidades com você.
Até a próxima atualização!

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Texto , com adaptações, do kit educacional Mestres e Criôs do Brasil, desenvolvido pela  Fundação Cultural Palmares e Fundação José Paiva Neto.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Brasil e Brasileiros...

¹

       
    Há algum tempo venho buscando algum fundamento para entender o que desmotiva o Brasileiro de uma forma generalizada a não valorizar sua própria cultura. “Tudo que é de fora é melhor", "isto é melhor porque é importado”, esta é a idéia do brasileiro comum.
    Quantos artistas precisaram batalhar para demonstrar seu talento fora de seu País, tendo que alcançar fama do outro lado do mundo para seus compatriotas notar sua existência. Não é diferente na capoeira, mestres morrem e só assim são reconhecidos. No exterior é possível sobreviver ministrando aulas de capoeira, ensinando danças genuínamente brasileiras, há reconhecimento. Aqui no Brasil, não é impossível, mas basta olhar ao nosso redor que será possível notar o quão é difícil conseguir o reconhecimento de um bom profissional de capoeira.
    Hoje ao ler um texto conheci uma teoria criada pelo escritor Nelson Rodrigues denominada complexo de vira-lata e venho dividir com vocês. Esta teoria consiste justamente na valorização do que vem de fora, uma sensação de inferioridade, de nós mesmos nos subjugarmos como piores.  E quando somos intitulados pelos outros países “ O País do futebol ” – exemplo mais utilizado - aí sim, acreditamos que somos bons e passamos este conceito a diante.
    Acredito que a valorização da nossa cultura esteja contaminada com o referido complexo. Certo dia em uma telenovela mostrou a resistência contra o samba, no inicio deste mês vivenciei uma tentativa de impedir que uma roda de capoeira acontecesse em local público, em ambos os casos na ficção e na realidade, é gritante o desapreço do próprio brasileiro para com sua própria cultura.
    O Brasil deve acreditar em si, em seu potencial, defender sua bandeira. Ter fé em sua própria nação. Valorizar enquanto a cultura é nossa. Porque depois que nossa cultura morrer, assim como os mestres antigos de capoeira que aos poucos estão nos deixando, não adianta querer reverter o irreversível.  O bom é o que esta ao nosso alcance, é o poder, o talento e a alegria do brasileiro que não desiste nunca.

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Você Sabia?

:: Quem não pode com mandinga, não carrega patuá!  (por Júlia Albernaz)

A frase título deste texto sempre me intrigou! Sempre quis saber o seu porque, uma vez que, num primeiro momento, ao ler a frase, tendemos a interpretar a palavra mandinga como “feitiço, despacho, mau-olhado, ebó”, como bem define o grande folclorista Luis da Câmara Cascudo em seu “Dicionário do folclore brasileiro”. Se fôssemos nos basear nesse significado, porém, o mais lógico seria pensarmos que, se uma pessoa não pode com mandinga, ou seja, com feitiço, é melhor que ela carregue um patuá, para se proteger, certo?

Na frase em questão, entretanto, o significado de mandinga é outro, a palavra se refere ao indivíduo de um dos maiores grupos étnicos da África ocidental, os Mandingas ou Malinke. Por sua proximidade geográfica com os árabes, os mandingas acabaram se tornando muçulmanos e aprendendo a se comunicar em árabe, dominando fala, leitura e escrita. Eram, ainda, muito bons em matemática.

Com o desenvolvimento do tráfico negreiro, grande parte dos mandingas veio parar no continente americano. Nas Américas, por dominarem o árabe e serem melhores em matemática do que os brancos, os mandingas passaram a ser vistos como feiticeiros. Afinal, na cabeça dos brancos, como poderiam simples escravos dominar a língua de outra cultura e ainda possuírem conhecimento matemático? Só podia ser algo sobrenatural! Assim, mandinga virou sinônimo de feitiço. Por suas habilidades e cultura, os mandingas passarem a ter privilégios em relação aos outros negros. Podiam, por exemplo, carregar trechos do Alcorão, livro sagrado da religião muçulmana, guardados em pequenos invólucros de pele de animal, pendurados no pescoço. Esses invólucros contendo trechos do Alcorão eram chamados de patuá e eram marca registrada dos mandingas.

Como os mandingas se tornaram muçulmanos, tinham Alá como Deus e Maomé como profeta, não aceitando quaisquer outros tipos de crença. Assim, os escravos que cultuavam os orixás eram vistos como rivais pelos mandingas. Os senhores de escravos, para estimular essa rivalidade entre os negros, davam aos mandingas cargos de confiança, como o de capitão do mato. Assim, muitas vezes, os mandingas eram responsáveis por capturarem os negros fujões.

Quando um negro tentava fugir, além de se preparar para ter que utilizar a capoeira para se defender, pendurava um patuá em seu pescoço, para que, quando fosse abordado por um mandinga, ele pensasse se tratar de um dos seus e não o perseguisse.

Os mandingas, entretanto, ao se depararem com um suposto negro fujão, tinham o hábito de abordá-lo em língua árabe. Assim, se o negro fujão, mesmo “disfarçado” de mandinga devido ao uso do patuá, não soubesse responder em árabe, seria identificado e capturado pelo mandinga, sendo, ainda, vítima de sua fúria. 

Assim nasceu a expressão: Quem não pode com mandinga, não carrega patuá!

Fontes:

CASCUDO, Luís da Camara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 5ª ed., Itatiaia, Belo Horizonte, 1984.

LIMA, Mano. Dicionário de capoeira. 3ª Ed., Conhecimento Editora, Brasília, 2007.

TRINDADE, Diamantino Fernandes; LINARES, Ronaldo Antônio. Iniciação à Umbanda vol. 2, Editora Madras, 2008.
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

FRENTE PARLAMENTAR EM DEFESA DA CAPOEIRA


Senhores e Senhoras Capoeiristas,
         Venho informá-los do fenômeno que nossa capoeira está vivendo. Espero que esta informação chegue a você Capoeirista Brasileiro, independente do estado em que resida. Ontem houve uma sessão na Câmara dos Deputados, uma FRENTE PARLAMENTAR EM DEFESA DA CAPOEIRA. Estamos buscando a criação de uma Lei Orgânica com o objetivo de incentivar e organizar a nossa Capoeira, focando apenas a bandeira da CAPOEIRA, sem intervir em questões polêmicas sem relevâncias, estagnado algo que pode ser simples e produtivo.  A discussão gira em torno de buscar uma política pública para capoeira. Um dos objetivos é buscar o direito do Mestre de Capoeira a ter sua previdência social, sua aposentadoria.
          Peço aos senhores  que estudem mais a nossa capoeira, se preocupem mais, dê importância ao que você pratica. Caso não tenha entendido o que é uma frente parlamentar, do que realmente estamos buscando, mesmo que não goste de política, procure sanar suas dúvidas, pesquise, foi criado um blog especialmente para informar sobre esta Frente Parlamentar, segue o link: http://frenteparlamentardacapoeira.blogspot.com/ Converse sobre o assunto, divulgue para sua comunidade, que não seja por você, mas pela Capoeira – ela precisa de você!!!
           Você Capoeirista de Brasília e do Entorno, possui uma acessibilidade maior de ir ás sessões na Câmara dos Deputados. Ontem na sessão havia poucos capoeiristas em relação ao número de capoeiristas que se encontra em qualquer roda.  A situação é séria, o benefício é para A CAPOEIRA, para todos nós. A Capoeira pede ajuda de vocês. Os legisladores estão dispostos a trabalhar em prol da capoeira. Lembrem-se que a época eleitoral acabou, agora é a hora!!  Eles são o barco e nós somos os remos, se nós Capoeiristas não nos mobilizarmos, não "remarmos" juntos, nada será construído.
Atenciosamente,
MuTanTe

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Vivência


            Certo dia em uma roda aqui em Brasília, o contra mestre Índio do grupo Mata Verde, também conhecido como Dudu, disse algo pertinente. Algo que nunca havia pensado. Não me recordo fielmente das palavras utilizadas por ele, mas guardei no coração a mensagem transmitida, que é mais ou menos assim:           
            Atualmente buscamos diversão em shows, bares, parques, cinemas, shoppings. Nem sequer observamos que a capoeira nos oferece alegria, diversão e não cobra ingresso é de graça. Deste dia em diante passei a refletir a respeito disso. Isto é fato. Na capoeira encontramos pessoas queridas, dividimos histórias, fazemos a nossa história, cantamos, encantamos, nos deixamos encantar, extravasamos e transcendemos. Cada um tem o seu infinito particular e seu próprio desenvolvimento dentro da capoeira. Há aqueles que vão para a roda de capoeira para validar os conhecimentos adquiridos nos treinamentos, outros para só soltar as pernadas mesmo, também tem aqueles que vão para cantar aquela música nova que aprendeu, ou simplesmente assistir, bater palmas, cultivar as velhas amizades e fazer novas.
            Capoeira é diversão, e diversão é divergência[1]. Logo, capoeira é divergência? Na realidade a capoeira é oriunda da discordância entre povos e condutas impositivas. E até hoje a capoeira vive de divergências, há a tradição, Mestre Bimba e Mestre Pastinha que são as referências mais conhecidas da raiz da nossa capoeira. Contudo, as informações que giram em torno da capoeira não são absolutas. A origem da capoeira, por exemplo, há quem afirma que a capoeira veio da África, outros pregam teorias persuasivas de que a capoeira nasceu na cidade, em meio à malandragem urbana. Ora, tudo é relativo, tudo depende de fundamentação, do ponto de vista do intérprete. A única certeza, que na capoeira quem vai de coração aberto, encontra divertimento, independente da interpretação de seu significado. Cabe aos capoeiristas aceitar as divergências e fazer delas uma diversão. Divirta-se!








[1] Bueno, Silveira: minidicionário da língua portuguesa. – Ed. ver. e atual. – São Paulo: FTD.2000. Conceito de Diversão: Divergência; distração; divertimento

sábado, 8 de janeiro de 2011

Associação Lagoa Azul Capoeira


    Associação Lagoa Azul Capoeira, com sede no Rio de Janeiro. Fundador do grupo Mestre João do Pulo.


   A história do grupo Lagoa Azul Capoeira se confunde com a história do próprio Mestre João do Pulo, João José da Silva. Iniciou capoeira em 1971 no grupo Senzala, com Mestre Camisa.


  No auge da sua carreira ficou conhecido por seus incríveis saltos e em decorrência disso recebeu o apelido de João do Pulo.


  Quando Mestre Camisa saiu do grupo Senzala para fundar seu próprio grupo, João passou a treinar com o Mestre Caio, também do grupo Senzala. Nesta época numa apresentação solo do grupo, João cai e se machuca gravemente, ficando impossibilitado de jogar capoeira por alguns anos. Muitos acreditaram que sua carreira na luta estava encerrada.


   Mas com determinação, aos 19 anos, João deu início a uma lenta fase de recuperação e começou a trabalhar com Mestre Caio. Embora ainda impossibilitado de jogar Capoeira, João participava das aulas tocando instrumentos e acompanhando o desenvolvimento dos alunos.


  A medida que sua recuperação avançava João do Pulo começou a dar aulas no colégio André Mourrois, na Gávea, e no Clube Piraquê, na Lagoa. Foi neste período que Mestre Caio lhe concedeu a corda verde, e posteriormente, com Mestre Garrincha pegou a roxa e a marrom, de contra-mestre.


  Em 1991 decidiu formar um grupo independente e escolhe as margens da Lagoa Rodrigo de Freitas como seu local de trabalho, passando a dar aulas ao ar livre próximo ao Jockey Clube. Após anos de dedicação a arte da Capoeira, no Brasil e no Exterior, o João do Pulo foi agraciado pelo Mestre Mendonça, com o título de Mestre de Capoeira, recebendo sua corda Vermelha em 2001.


  Atualmente, o Mestre João do Pulo realiza um trabalho sólido com a Associação Lagoa Azul Capoeira respeitando a história e as tradições dessa arte-luta brasileira. É muito querido por seus alunos e seu nome é reconhecido por amigos e capoeiristas de todo o Brasil e do exterior.


  As aulas do grupo se realizam em diferentes cidades do estado do Rio de Janeiro, em Brasília e no exterior, em Bahrein e na França.



Texto extraído do sítio da internet http://www.lagoaazulcapoeira.com/, com adaptações.